CONSELHOS CONTRA A RACIONALIZAÇÃO DO PECADO

30/08/2012 13:39
Um dos maiores problemas relacionados aos ídolos do coração é a racionalização. O que é a racionalização? É a tentativa da nossa mente em justificar, ocultar e nos convencer de que um ídolo que toma conta da nossa vida, de que um pecado que nos domina não é pecado ou que não nos domina.
É impressionante notar o quanto a racionalização está presente na vida de pessoas que frequentam as igrejas, que se dizem crentes e salvas pelo Senhor Jesus. Estas pessoas são dominadas por vários tipos de pecados, vários tipos de idolatrias em seu coração e acabam se valendo de desculpas para justificar seus atos e continuar servindo a esses ídolos que tomam conta de sua vida.
Tudo isso visa tornar aceitável o pecado. Tudo isso visa justificar, explicar, convencer as pessoas e a nós mesmos de que aquele desejo pecaminoso, no fundo, é legítimo e não prejudica ninguém. Isso é um engano.
O Salmo 141 é um exemplo de como lutar contra a racionalização, contra a tendência pecaminosa do nosso ser. No referido texto Davi ora, clama ao Senhor pedindo auxílio, e as palavras logo no início “Clamo a Ti, SENHOR” dão a ideia de um clamor que vem acontecendo ao longo do tempo. Não é um único clamor. A ideia transmitida é de perseverança, de uma luta constante.
Davi, no versículo 3 pede a Deus que coloque uma vigia, uma guarda em seus lábios. O que é interessante notar é que Davi foi vítima muitas e muitas vezes de difamações, de calúnias, de decepções, de palavras maldosas que o atingiam direta ou indiretamente. Nesse texto ele reconhece que a sua tendência natural também é para este pecado. Qual a atitude de Davi nesta situação? Ele não foge e nem tenta racionalizar; ele reconhece a necessidade que tem de lutar contra esta tendência natural pecaminosa. Reconhece que sozinho ele não conseguirá vencer. Por isso pede ao Senhor, que é Todo-Poderoso, para que o ajude nesta batalha.
Mas isso não é tudo. No versículo 4 Davi, numa sinceridade profunda, demonstra que naturalmente o seu ser se alegraria, sentiria prazer nos banquetes dos ímpios. Ele não nega, não oculta e não tenta legitimar seu desejo e sua tendência para o mal. Pelo contrário, ele assume essa tendência, reconhece essa fraqueza e se derrama diante do Senhor em humildade dizendo que, se não fora por Deus, ele sim, se deleitaria com os banquetes dos ímpios. Mesmo não sabendo exatamente do contexto do Salmo podemos perceber que “banquete dos ímpios” não se trata de comida física, alimento. O banquete é a maldade, a tendência à perversidade, à difamação e ao falatório que tanto atinge a vida das pessoas e tanto atingiu a vida de Davi.
A primeira maneira de lutar contra a racionalização do pecado, contra o convencimento de que o pecado não é pecado, é justamente reconhecer a fraqueza. Precisamos ser humildes para reconhecer que temos a tendência natural para o que é mal, para aquilo que muitas vezes nós mesmos somos vítimas, por meio de outras pessoas ou de circunstâncias, como o caso aqui da difamação, da má língua.
Para que esta luta contra a racionalização continue em sua vida, no versículo 5, Davi reconhece a importância da repreensão, das feridas feitas por um justo. A estas feridas ele chama de amor leal. A palavra hebraica “hesed” significa amor, amor autêntico, o amor divino, num patamar elevadíssimo, que nós talvez não tenhamos vivenciado muitas vezes devido ao nosso próprio pecado. Davi, então, assumindo a sua necessidade de repreensão e de ajuda de Deus agora aceita que esta repreensão e ajuda contra a racionalização, venha por meio de uma pessoa. Uma pessoa justa que busca o seu conhecimento no Senhor.
Hoje em dia é muito difícil exortar um irmão, não no sentido de animá-lo, mas no sentido de trazê-lo à responsabilidade de enxergar o seu pecado, de buscar na Palavra o caminho correto. Davi reconhece que precisa da ajuda de Deus, mas reconhece também que Deus pode usar instrumentos humanos, filhos Seus, justos, para causar nele uma ferida. Uma ferida feita com amor leal. É uma ferida que dói, mas que tem o objetivo de curar, de ensinar. É uma ferida feita por amor com o intuito de resgatar e não derrubar a pessoa.
Mais adiante, no versículo 8, Davi declara que para continuar nessa caminhada rumo à retidão, afastando-se da racionalização em relação ao pecado, ele fixa os seus olhos somente no Senhor, no Soberano Senhor. Quando voltamos nossos olhos para Deus nós temos a força e o incentivo para, de fato, ver o nosso coração, enxergar o nosso pecado, os nossos ídolos e deixar a racionalização de lado.

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